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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Síndrome do ovário policístico

Entre 20% e 30% das mulheres desenvolvem cistos nos ovários em alguma altura da vida. Apesar de ser importante acompanhá-los, normalmente estes não têm relação com doenças e desaparecem de forma espontânea. Porém, 10% delas apresentam um tipo de disfunção que está entre as causas mais comuns de infertilidade feminina e vem associada a outros sintomas, a síndrome do ovário policístico (SOP). Ainda que seja um mal incurável, os sintomas da SOP podem ser amenizados e hoje já existem diversas opções de terapias que aumentam e muito as chances de gravidez dessas mulheres.

A SOP é uma doença endócrina, ou seja, causada pela alteração dos hormônios. Não tem uma causa conhecida, mas é sabido que ocorre uma disfunção na glândula que regula a produção hormonal, o hipotálamo, e também uma resistência do organismo à ação da insulina, que acaba por estimular a produção excessiva de testosterona pelos ovários. Com o excesso de testosterona, a ovulação é alterada e alguns folículos que estão nos ovários não conseguem completar o ciclo de ovulação, não amadurecem e acabam por se acumular, formando microcistos.

Sintomas e Diagnóstico

Os principais sintomas são alterações no ciclo menstrual, que pode ter longos intervalos, em torno de três meses entre uma menstruação e outra, ou até mesmo a ausência da menstruação; aparecimento de pelos em locais inconvenientes, como, por exemplo, no rosto; aumento da oleosidade da pele com surgimento de acne; e acúmulo de gordura abdominal, com tendência à obesidade. Caso haja existência de dois ou mais desses indícios, é bom procurar um médico.

Contudo, apenas os sintomas não são suficientes para determinar o quadro clínico. A avaliação completa é feita por meio de ultrassonografia pélvica, ou transvaginal, exames clínicos e laboratoriais. Para a confirmação do diagnóstico, é preciso que a mulher apresente dois dentre os seguintes sinais: ovários policísticos apresentando mais de 12 folículos, com aumento do volume ovariano acima de 10 cm³; falta de ovulação ou deficiência; e sinais de aumento na produção de hormônio masculino.

Tratamento

O tratamento vai depender da fase da vida da mulher. O que é mais importante em determinado momento e qual o sintoma que mais a incomoda são perguntas essenciais a serem feitas pelo médico. Em geral, é indicado o uso de anticoncepcionais orais, que diminuem o aparecimento de pelos, espinhas, cólicas, ou mesmo evitam o aumento de peso. Para mulheres que querem engravidar, a primeira alternativa é o uso de indutores de ovulação, mas, em alguns casos específicos, em que o ovário esteja mais danificado, ou haja grande produção de hormônio masculino, pode ser necessário um tratamento de reprodução assistida.

Procurar tratamento para a doença e manter o peso são fundamentais para a saúde e bem-estar das pacientes. A obesidade também gera resistência à insulina, que produz o aumento dos hormônios masculinos e tende a agravar os sintomas. Além disso, no caso da SOP, também piora a tendência ao desenvolvimento de diabetes e a chance do aparecimento de doenças cardiovasculares.

Por Dra. Maria Cecília Erthal
Ginecologista e Obstetra do Centro de Fertilidade da Rede D'Or


Clique no ícone e ouça a Dra. Maria Cecília Erthal falando sobre a SOP




4 comentários:

Rê Lima disse...

Doutora,

Tenho SOP e gostei muito que esse assunto fosse abordado, porque a maioria dos médicos que consultei me disse que não haveria chances de gravidez por vias naturais.

Começarei a tentar ano que vem e sei que depois de 1 ano tentando é que o casal deve partir para algum tratamento.

Muito obrigada por dizer que há chances de gravidez. Fiquei muito feliz e estimulada.

Beijo e parabéns pelo blog e pela comunidade Centro de Fertilidade no orkut.

Renata Lima

Espaço Saude da Mulher disse...

Olá Renata, obrigada por sua mensagem.
As suas chances de gravidez dependem muito do grau de policistose ovariana. Para as pacientes que menstruam regularmente, as chances são boas. Vale a pena tentar por um ano e, se não conseguir, aí sim procurar uma clínica especializada em tratamento de infertilidade.

Atenciosamente,
Dra. Maria Cecília Erthal.

Andreia Ferreira disse...

Doutora,
Tenho SOP e este assunto tem me angustiado muito. Tem 1 ano e meio que estou tentando engravidar. Há seis meses estou tratando com uma especialista em reprodução. Regularizamos a ovulação pois eu mestruava normalmente mas, os óvulos não amafurecem. Agora iremos fazer a videolaparoscopia para cortar os microcistos e ver as trompas. Não tenho nenhuma caracteristica fisica e hormonal de quem tem este problema. Gostaria de saber quais são as minhas chances?
Obrigada por este blog que pode auxiliar tantas pessoas.
Um abraço
Andreia Ferreira

Espaço Saude da Mulher disse...

Olá Andreia,

As chances variam de acordo com a idade da mulher. Você já investigou outras causas de infertilidade como exames como os de histerossalpingografia e espermograma? A cirurgia de retirada dos cistos sempre é o ultimo recurso a que se lança mão em casos como o seu.

Faremos uma palestra gratuita no Barra D'Or para tirar dúvidas sobre fertilidade como a sua. Será no dia 8 de agosto, sábado, às 10h.
Caso se interesse em participar, basta se inscrever no site www.vidafertil.com.br

Um abraço,

Dra. Maria Cecília Erthal

Ginecologista e obstetra especialista em fertilidade