Em entrevista ao blog Espaço Saúde da
Mulher, Dr. Paulo Roberto Soares, ginecologista e obstetra do Hospital Norte
D’Or, esclareceu diversas dúvidas relacionadas aos anticoncepcionais orais.
Como
agem no organismo: as pílulas, como também são conhecidos estes
medicamentos, atuam bloqueando a ovulação. “Eles produzem também alguns efeitos acessórios, como a
modificação do muco existente no colo do útero - o que dificulta a penetração
do espermatozoide na cavidade uterina – e a diminuição da mobilidade das
trompas. Outro efeito destes contraceptivos é a inadequação do endométrio, ou
seja, a ocorrência de mudanças na camada interna do útero que impossibilitam a
fixação do embrião.”
Ganho
de peso: apesar de muitas pessoas acreditarem que o uso destas drogas engorda,
não há estudos que evidenciem ganho de peso considerável.
Risco
aumentado de trombose e/ou de problema cardíaco: o ginecologista esclarece
que ambos estão relacionados à dose do anticoncepcional. “Os de mais alta dose
apresentam aumento do risco, sendo o etinilestradiol mais relacionado à
trombose e os progestogênios, ao infarto. Os anticoncepcionais de baixa dose
têm influencia clínica insignificante”, explica. Entretanto, Dr. Paulo ressalta
que o fator idade, doenças, histórico familiar ou hábitos que aumentem o risco
de trombose ou infarto devem ser considerados pelo médico.
Risco
aumentado de câncer de mama: o especialista afirma que até o presente
momento, não existem trabalhos que atribuam diferença significativa na
incidência do câncer de mama entre as usuárias de pílulas anticoncepcionais e
as mulheres que não usam.
Recentemente, estudo realizado nos Estados
Unidos pela Dra. Elisabeth Beaber, cientista do Centro de Pesquisas em Câncer
Fred Hutchinson, detectou aumento da incidência de câncer de mama
principalmente nas mulheres que tomam anticoncepcionais de alta dose. Porém,
estes contraceptivos praticamente não são mais utilizados e a própria autora
sugeriu que a pesquisa deve ser melhor avaliada.
Dr. Paulo Roberto afirma que “é importante
esclarecer que o termo estrogênio abrange
uma série de substâncias com efeitos muito diferentes no organismo. O mais
correto é identificar o tipo de estrogênio para uma avaliação mais precisa de
seus efeitos. São exemplos o etinilestradiol, os estrógenos conjugados, o valerato
de estradiol, o estradiol, etc”.
Efeitos
adversos: náuseas, cefaleia, sangramento irregular, acne e dor mamária,
entre outros. Na maioria das vezes, são de pequena intensidade.
Contraindicações
dos anticoncepcionais: o ginecologista explica que a Organização Mundial de
Saúde (OMS) afere critérios de elegibilidade para a indicação ou
contraindicação das pílulas. Esta avaliação está ao alcance do médico. O uso
dos anticoncepcionais não é indicado, por exemplo, para pacientes que fumam
mais de 15 cigarros por dia ou que têm alguma doença que “facilite” a trombose.
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