O Brasil é o segundo país do mundo em
número de transplantes. Na última década, aumentou consideravelmente a
quantidade de doadores de órgãos por ano no país. O valor saltou de 6,5
doadores de órgãos por milhão de pessoas em 2006 para 13,2 doadores por milhão,
em 2013. Porém, o incremento ainda não é suficiente para suprir a demanda da população
brasileira.
Dr. Lucio Pacheco*, coordenador do serviço de
transplante de fígado do Hospital da Criança e do Hospital Quinta D'Or, afirma que ainda é necessário elevar
bastante este número. “Temos uma meta de atingir 20 doadores por milhão de
população em 2017. Países como França, Inglaterra e Estados Unidos têm
aproximadamente 25 doadores por milhão. A Espanha, maior país em doação de
órgãos no mundo, tem uma taxa de doação de 32 doadores de órgãos por milhão.
Temos muito a fazer para reduzir a angústia de mais de 30.000 brasileiros que
esperam por um transplante”.
Os órgãos e tecidos doados para transplantes em adultos provém, em
sua maioria, de doadores mortos. Esta fila poderia ser reduzida se a taxa de negativa familiar sobre doação de
órgãos não fosse tão alta - em 2013, ela ficou em 47%.
Dr. Lucio Pacheco não acredita que a recusa
ocorra por falta de solidariedade, mas porque as famílias nunca pensaram no assunto
antes do momento de receberem a notícia de que um parente próximo acabou de
falecer. “Por isso, é muito importante estimularmos a população a conversar
sobre o tema e deixar claro para sua família qual seria sua intenção. A redução
da negativa familiar pode aumentar muito o número de doadores no país”,
esclarece.
Transplantes pediátricos
O Hospital da Criança, gerido pelo Instituto
D'Or de Gestão de Saúde Pública e localizado na capital fluminense, é
referência em transplantes pediátricos no país.
A unidade é o único centro credenciado
para transplantes de fígado pediátrico no estado do Rio de Janeiro. Desde sua
inauguração, em março do ano passado, o Hospital já realizou 35 transplantes –
24 de fígado e 11 de rim -, valor que o posiciona como 3º centro de transplante
hepático em crianças do país.
Se entre os adultos o processo de doação
de órgãos e a realização de transplantes já é complicado, imagine entre os pequenos.
Dr. Lucio Pacheco esclarece que em
lactentes – crianças de um mês até 2 anos , - o órgão mais transplantado é o
fígado. “A principal indicação de
transplante hepático em crianças é a má-formação dos ductos biliares. Chamada
de Atresia de Vias Biliares, esta obstrução impede que a bile produzida no
fígado chegue até o intestino e provoca o desenvolvimento da cirrose.” No caso
de crianças maiores, o rim é o órgão mais transplantado.
O especialista explica ainda que "as
cirurgias de transplante em crianças são extremamente mais complexas que as
realizadas em adultos, tendo em vista o calibre muito reduzido dos vasos
sanguíneos que precisam ser conectados para levar sangue ao órgão
transplantado. Na maioria das vezes, os cirurgiões necessitam de magnificação
ocular robusta, como lupas potentes e microscópios, além de uma maior
habilidade para lidar com vasos sanguíneos finos e delicados”.
Outra diferença está no tipo de doador.
O número de doadores com morte cerebral pediátricos é menor que o número de
doadores adultos, o que diminui a oferta de órgãos de doadores falecidos para as
crianças. Desta forma, o número de transplantes com doadores vivos é maior no
cenário pediátrico”, conclui Dr. Lucio Pacheco.
*Dr. Lucio
Pacheco é Coordenador do serviço de transplante de fígado do Hospital da Criança e do Hospital
Quinta D'Or, Presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO)
e Diretor médico do Instituto de Transplantes.
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Hospital da Criança
Gráficos: ABTO
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