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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Doenças mais comuns em crianças no período escolar


Crianças de até 2 anos de idade possuem uma quantidade de anticorpos ainda relativamente menor que as crianças maiores. Assim, seu sistema imunológico não está maduro o suficiente para defender o corpo com a mesma eficiência que os demais, por isso há tantos eventos seguidos de infecções especialmente respiratórias.  O contato com outras crianças também influencia no aumento dessa frequência, assim como a falta de algumas vacinas que ainda não foram administradas.


Confira a entrevista que a Pediatra Alergista deu para a Rede D’Or São Luiz com algumas dicas importantes para o cuidado com seu pequeno.

1 - Muitas crianças ficam mais doentes depois que começam a frequentar a escola, isso é comum?

Sim, é bastante frequente. Principalmente quando percebemos a tendência atual, na qual as crianças têm ido à escola um pouco mais cedo. Isso tem ampla relação com a faixa etária e com a presença de outros fatores de risco que levem a desenvolver infecção, até mesmo com a própria presença de atopia ou alergias respiratórias.

2 - Quanto mais nova a criança, mais suscetível ela está às doenças?

Sim, isso é verdade. Os bebês até os 2 ou 3 aninhos de idade têm uma quantidade de anticorpos menor do que o adulto, às vezes em torno de 50% a 60% menos. Em virtude disso, e pelo fato de nem todas as vacinas terem sido administradas até essa idade, existe uma vulnerabilidade maior aos processos de infecção que se tornam mais frequentes e às vezes intensos.

3 - Há uma idade recomendada para a criança ser colocada na creche?

Esse é um assunto bem polêmico, ainda mais na sociedade atual, na qual as mães estão inseridas no mercado de trabalho. Existem duas dificuldades. O ideal é, se a situação econômica e a estrutura da família permitir, adiar a creche até os 2 ou 3 anos, em virtude da existência de uma menor quantidade de anticorpos que é natural da idade e devido as vacinas ainda não estarem completas, tendo a criança mais chance de infecção. Por isso, o ideal é esperar a fase de lactente jovem terminar para que a criança frequente a creche. Não sendo possível, a orientação é vacinar e ofertar a alimentação o mais saudável possível.

4 – As infecções ocorrem devido o contato direto com as demais crianças?

É mais uma característica natural dos bebês terem infecções recorrentes não graves (4 a 6 vezes ao ano nos primeiros 2 anos). Nas outras faixas etárias nós teremos outros problemas, como por exemplo: nas crianças de 2 a 6 anos já começa o convívio mais próximo (trocam objetos de uso pessoal, se abraçam...) e com isso acaba ocorrendo a transmissão dos quadros infecciosos entre as próprias crianças, que estarão em ambiente fechado e geralmente confinados. Inclusive no verão intenso, é muito difícil as escolas não usarem ar condicionado, e isso acaba favorecendo um confinamento maior e a transmissão de doenças, especialmente as de vias aéreas superiores e gastrointestinais.

5 - Há um limite para recorrência desses casos? A partir de que idade a criança fica mais suscetível a ter essas doenças e se há idade limite que ela fica mais tranquila e começa a ter uma forma de controle para essas doenças?

Existe o limite para essa recorrência, sim. Nos primeiros 2 anos, espera-se cerca de 4 a 6 episódios infecciosos e sem gravidade, algo que são resolvidos com sintomáticos ou outro evento com antibiótico. Mas existem critérios que chamamos de sinais de alerta, onde essa recorrência passa a chamar atenção do Pediatra, e passa a ser importante a ação do especialista investigando se existe uma baixa imunidade. Um sinal de alerta é se essa criança está usando ao longo do ano mais do que 2 meses do uso de um antibiótico ou se, por exemplo, ela teve uma infecção que demandou uma internação hospitalar para resolver. Esses são sinais de alerta que levam o Pediatra a indicar uma pesquisa mais profunda com o Alergista.

6 - Quais são as doenças mais comuns e quais sintomas?

O que mais acomete as crianças são, sem sombra de dúvida, as infecções nas vias aéreas superiores: a gripe ou resfriado (tosse, coriza, espirros) e em consequência dessa gripe as complicações, como as sinusites, otites e até pneumonia. A pneumonia acomete bastante as crianças em idade escolar, principalmente os pequenos em torno dos 2 a 3 anos e depois a faixa dos adolescentes. Os bebês têm mais infecções virais, especialmente no primeiro ano, e principalmente as relacionadas ao vírus respiratório que dá um quadro um pouco mais difícil, que às vezes precisa da intervenção do Médico Assistente mais de perto.

7- Há vacinas preventivas para essas doenças? Elas estão disponíveis no calendário de vacinação proposto pelo Ministério da Saúde?

Sim. Hoje o Brasil é bastante eficiente no aspecto vacinal. O calendário do Programa Nacional de Imunizações contempla a maior parte das doenças graves, e hoje nós tivemos melhorias importantes com a adição da varicela que é da catapora, uma doença de grandes complicações e muitas internação dos pacientes, as pneumonias estão contempladas, a meningite contemplada com a do tipo C. Tem atualmente uma única vacina que acho que ainda falta nesse calendário do governo: a vacina da Meningite contra a Meningite Meningocócica, que acredito que ao longo dos anos ela será incluída.

8 - Manter as crianças hidratadas e bem alimentadas pode contribuir nessa prevenção?


Sim. Adequadamente sim. Hoje a gente tem fatores muito importantes e a saúde é o resultado de várias ações, onde principalmente entra, além da vacina e a ida regular ao Pediatra, a alimentação. Os nutrientes, os antioxidantes, as vitaminas fazem com que a criança tenha uma imunidade natural, além daquela adquirida com as vacinas. E o hábito de lavar as mãos também reduz a transmissão de infecções em todos os âmbitos.

9 - Quais são as principais dicas para os pais? Existe alguma outra forma de aumentar a imunidade, além da alimentação e hidratação?

É muito importante transmitir para as crianças pequenos hábitos que ajudam na proteção, como por exemplo lavar as mãos. Esse hábito se mostra muito efetivo, porque a criança leva muito a mão à boca. Quando a criança maior que 6 anos implementa essa prática de lavagem das mãos, já ajuda a interromper uma cadeia de transmissão de doenças bastante importantes, principalmente quando saírem de coletivos, de locais públicos e antes das refeições. Isso já vai diminuir bastante a veiculação dos agentes infecciosos. Outra boa prática, se a criança for um pouco maior, é o uso do álcool gel. Ela pode levá-lo na mochila, com isso facilitando essa higienização. Nas meninas a atenção importante é com relação aos objetos de uso pessoal, principalmente escova de cabelo, devido a pediculose (piolho) ser transmitida mais facilmente desta forma. São regrinhas simples do dia a dia que podem facilitar a redução das infecções.

10 - É adequado levar a criança doente para a escola? Quando deve-se levar e quando deixar em casa? Tem algum sintoma principal para optar em deixá-la em casa?

Isso depende da realidade da família. O ideal é a criança ficar em casa com a família, porque ela terá aquele mal-estar, astenia (fraqueza), febre, demandando um pouco mais de cuidado e menos ativa também. Eu considero mais relevante que a criança, iniciando um quadro infeccioso, fique em casa. Até para o benefício dela e do grupo, da coletividade. Porque a ida da criança a um ambiente aonde ela pode transmitir aos colegas ainda sem diagnóstico é um pouco ruim não só para ela, mas como para o ambiente todo que a cerca, que pode ser acometido por um surto ou até por uma infecção um pouco mais grave. Se a família tiver condição de cuidar em casa, o ideal é não ir a escola.

11 - É correto ou é mito dizer que é importante a criança ter algum tipo de doença para desenvolver anticorpo e reforço do sistema imunológico?

Essa era uma prática antiga. Antes da vinda do calendário vacinal adequado nós tínhamos poucas opções de proteção. Hoje não tem muito sentido expor a criança a uma doença prevenível. Hoje as vacinas fazem uma cobertura bastante ampla dos germes mais comuns, então você expô-la desnecessariamente a uma infecção não é recomendável. Naturalmente, as infecções irão ocorrer ao longo da vida e conforme a idade dessa criança avance e toda sua carteira de vacinação esteja completa, ela terá uma imunidade adquirida de forma segura. Lembrando que todo processo infeccioso exposto desnecessariamente, pode evoluir mal, dependendo do agente.

12 - A condição climática da escola também é um fator relevante? Quais cuidados são necessários para o ambiente ficar mais seguro para as crianças?

A questão de temperatura dos ambientes fechados é bastante relevante. Se a criança for alérgica, não tiver seu quadro alérgico bem tratado e estiver confinada numa ambiente com ar condicionado e temperaturas muito baixas, esse ressecamento das vias respiratórias propicia ainda mais a complicações recorrentes da infecção. Outra situação importante para os pais discutirem com as escolas, é na época do ano de inverno e outono utilizarem mais as janelas abertas, para evitar o aumento das infecções trocadas entre as crianças no ambiente.

13 - Existe alguma dica para a escola ou creche conseguir evitar um pouco esta contaminação ou é um pouco inevitável as crianças ficarem doentes, decorrentes do contato?

Seria bom uma formula mágica, entretanto, é bom frisar que o mais importante é a boa saúde que deve ser conquistada ao longo de todos os anos, indo ao Pediatra, cumprindo todas as etapas do calendário vacinal e com a melhor alimentação possível, para que essa criança tenha uma imunidade natural e adquirida somadas para um bom desempenho de sua saúde. Além das boas práticas de higiene como a lavagem de mãos e o uso do álcool gel que ajudam e as escolas podem disponibilizar esse álcool gel nos corredores, muitas já fazem isso. Podem ser somadas às boas práticas algumas Campanhas, como o uso de repelentes prevenindo doenças como a Dengue, a Zika e a Febre Amarela. O cuidado contínuo precisa ser uma parceria entre escola e família.

14 - Tem algum cuidado que os pais podem ter, caso a creche possua aqueles brinquedos de uso comum?

É um pouco difícil, porque não há uma norma proibindo esses brinquedos coletivos. O ideal é que se fiscalize e utilize um brinquedo lavável, evitando resíduos que podem levar a uma contaminação maior das crianças. Hoje as escolas e creches estão mais atentas a isso e tem-se evitado o uso de materiais que possam causar danos às crianças.

É importante que os pais tenham a rotina de levar seus filhos ao Pediatra, para que se faça uma medicina preventiva e nas situações que se tenha risco ou dúvidas, tenha uma referência de uma Emergência Pediátrica que possa contar para que sua criança possa sempre ser bem atendida.

A Emergência Pediátrica do Hospital Barra D’Or além de possuir profissionais altamente qualificados, tem a proposta de unir o acolhimento e agilidade no atendimento a bebês e crianças, sem perda de qualidade.



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