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sexta-feira, 10 de junho de 2011
Câncer de mama: ameaça à saúde feminina
O câncer de mama é a doença que mais causa mortes em mulheres no Brasil. No entanto, as chances de cura, caso detectado precocemente, são de até 98%, afirmam especialistas. Entenda como diagnosticar e cuidar desse mal na matéria publicadaa no site da Rede D'Or.
De peito aberto
Informação é a melhor arma das mulheres no combate ao câncer de mama
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer - INCA, o câncer de mama ainda é uma das doenças que mais ameaçam o sexo feminino nos dias de hoje. O Ministério da Saúde contabiliza anualmente cerca de 51 casos para cada 100 mil mulheres e, apesar da extensa divulgação sobre a importância da detecção precoce pela mamografia, ainda é comum haver muitas dúvidas por parte das mulheres. A radiologista da Rede D’Or e do INCA, Dra. Ellyete Canella esclarece algumas das principais perguntas sobre o problema a pedido da Sua Saúde.
Foi bastante discutida a polêmica levantada por peritos americanos que sugeriram uma possível mudança na idade em que as mulheres deveriam começar a fazer mamografias regulares. Afinal, algo mudou?
Antes de mais nada, é preciso entender que existem dois tipos de rastreamento de câncer de mama: o populacional e o oportunista. O primeiro é resultante de ações planejadas de saúde pública, campanhas focadas, em geral, nas mulheres entre 50 e 69 anos, que são examinadas a intervalos regulares, com objetivo de reduzir a mortalidade de forma impactante nessa população. Já o rastreamento oportunista, mais comum no Brasil, é aquele feito por cada mulher individualmente, que procura seu médico, ou um posto de saúde e realiza o exame. Esse continua sendo recomendado a partir dos 40 anos, não muda. É isso, aliás, o que preconiza a American Cancer Society. O Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive, oferece o exame gratuitamente para mulheres de 35 a 101 anos, mesmo que os programas governamentais, focados no rastreamento populacional, convoquem apenas as mulheres entre 50 a 69 anos, faixa etária em que a doença tem maior prevalência.
Mas há mulheres que precisam começar o rastreamento mais cedo?
Sim, as que estão no grupo de alto risco, ou seja, aquelas com parentes de primeiro grau (mãe ou irmã) que tiveram câncer de mama antes da menopausa, ou câncer de ovário em qualquer idade, além de casos na família de câncer de mama em homens. Essas devem manter um acompanhamento constante a partir dos 35 anos. Com elas, é feito um rastreamento especial, que inclui exame clínico e mamografia, sendo que alguns estudos também indicam que a ressonância magnética também deve estar associada.
Muitas mulheres ficam confusas quanto à necessidade de fazer exames como ultrassonografia e ressonância magnética das mamas. Eles substituem a mamografia? Em que situações são importantes?
A mamografia, ou exame de raios X das mamas e de parte das axilas, é a principal forma de detecção precoce do câncer de mama, sendo a única capaz de diagnosticar lesões pequenas, mesmo quando essas ainda não são palpáveis. Atualmente, a mamografia já é capaz de identificar lesões menores do que um centímetro, o que amplia enormemente a possibilidade de cura. A ultrassonografia e a ressonância magnética (RM) não substituem a mamografia e são recomendados apenas em algumas situações de diagnóstico, para complementá-la, sendo que cada uma tem seu papel. Por exemplo, quando a paciente tem alguma situação clínica que a mamografia e a ultrassonografia não esclareceram, a RM é a melhor opção. No grupo de risco, recorremos à ressonância depois da mamografia, mas ela nunca vem sozinha. Já a ultrassonografia não é uma modalidade de rastreamento de câncer de mama e só deve ser indicada como exame isolado de diagnóstico quando há sintomas de algum problema nas mamas.
E quanto o autoexame? Até que ponto ele ajuda na detecção do câncer?
Hoje não se recomenda mais o autoexame, pois evidências científicas indicam que, como estratégia de rastreamento, ele não causa redução na mortalidade. Isso não quer dizer que os médicos o desencorajem, mas já não é mais incentivado, uma vez que, para identificar o câncer precocemente, é preciso pegar a doença na fase pré-clinica e isso só é possível com mamografia. Mesmo o exame clínico da mama, realizado por um profissional treinado para identificar alterações suspeitas na região, não é uma estratégias de rastreamento e não substitui a mamografia.
Uma reclamação bastante comum é que a mamografia dói. Por que a compressão feita pelo exame incomoda tanto?
De fato, a compressão causa incômodo, mas é indispensável. Ela é responsável por reduzir a espessura da mama e torná-la mais uniforme, o que reduz a dose necessária de radiação e garante uma imagem de melhor qualidade. Isso é fundamental para identificar as lesões. Essa compressão é mais ou menos dolorosa para cada mulher. Algumas têm a mama mais sensível, por isso sentem esse incômodo, sendo que outras relatam não sentir nada. No caso de muita sensibilidade, o ideal é fazer o exame logo depois de menstruar, quando o inchaço costuma diminuir, reduzindo o desconforto.
Existem sinais que devem chamar a atenção da mulher para o risco de câncer? Dor é um sintoma?
Primeiro, dor não é sintoma de câncer. Para um nódulo causar dor, ele precisaria ser muito grande e provavelmente já teria sido notado antes. Os principais são: nódulos, espessamento da mama (uma região que fica mais endurecida), saída de secreção pelo mamilo, linfonodo palpável na axila, ou uma ferida no mamilo que não cicatriza. Notando qualquer desses sinais a mulher deve procurar imediatamente o médico.
Veja outras matérias no site da Rede D'Or.
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