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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Operação cardíaca pouco invasiva eleva sobrevida dos idosos


Risoleida Franco Bandeira, de 105 anos, conta que um dos segredos para se manter com saúde é não parar de se mexer. "Leio jornal, faço palavras cruzadas. Faço de tudo para não ficar paradona." Com tanta vitalidade, nem parece que ela foi submetida a dois procedimentos cardíacos nos últimos anos.

Dona Risoleida, que nasceu em Belém (PA) e mora no Rio, é a paciente mais velha do país a ter trocado a válvula aórtica por cateter, de maneira pouco invasiva. Ela fez o procedimento quando tinha 103. E, no ano passado, precisou colocar um stent ("mola" que abre a artéria) por causa de uma angina.

Antes da troca, sentia falta de ar e muito cansaço. Hoje, diz estar "muito bem". "Já posso tomar meu vinho e minha cervejinha", conta.

A substituição da válvula é indicada para quem tem estenose aórtica grave. A doença é típica da terceira idade - atinge até 5% dos idosos com mais de 75 anos. O problema é causado pela calcificação natural da válvula, o que pode dificultar ou até impedir a passagem do sangue do ventrículo direito do coração para o resto do corpo.

Até há pouco tempo, a troca era feita apenas por meio da cirurgia convencional, em que se abre o peito do paciente, um procedimento que requer internação longa (de dez a 12 dias, incluindo UTI) e um pós-operatório difícil. Alguns podem levar até dois anos se recuperando, por conta da idade.

Mais de um terço dos pacientes que precisam fazer a troca da válvula por ter estenose grave não pode ser submetido à cirurgia por causa de idade avançada ou doenças que aumentam o risco de morte na operação.

Seria o caso de dona Risoleida, mas ela pôde ser operada por meio de um cateter, que entra pela virilha do paciente e leva ao coração uma válvula nova, feita de metal e material biológico.

COMPROVAÇÃO

A troca de válvula por cateter já é praticada há quatro anos no Brasil e estudos agora comprovam sua eficácia na redução da mortalidade.
Uma pesquisa publicada no "New England Journal of Medicine" mostrou que o procedimento reduz o risco de morte dos idosos pela metade em um ano. Estima-se que, sem o tratamento, a estenose grave provoca a morte em até dois anos.

Mas segundo Marcos Valério de Resende, chefe do serviço de ecocardiografia do Hospital São Luiz, ainda não se sabe se a nova válvula é segura como a outra, usada na cirurgia convencional. "Não temos o resultado a longo prazo porque é algo novo."

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