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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Tratei o mioma e consegui ser mãe!

Primeira paciente brasileira a ser mãe após tratamento não invasivo, a professora Renata Marinho sofria mensalmente com o fluxo menstrual excessivo

Trecho de matéria publicada na revista Sua Saúde, da Rede D'Or.






















- Sempre tive um fluxo intenso durante a menstruação, sentia muitas dores nas pernas e cansaço. Com o tempo, o fluxo foi ficando maior e comecei a ter também dores na relação sexual. Mas foi só há três anos que descobri que tinha um mioma, quando fazia meus exames pré-nupciais.

A primeira alternativa encontrada por ela foi o tratamento medicamentoso, que não surtiu muito efeito. “Como queria engravidar, minha ginecologista me aconselhou, então, a procurar o ExAblate, um método não traumático, que poderia facilitar uma futura gestação. Pouco tempo depois, experimentei o momento mais feliz da minha: o nascimento da minha filha”, conta ela.

“A Renata foi um dos primeiros casos que recebemos, há cerca de dois anos. Ela se recuperou muito bem e, para felicidade de todos, conseguiu engravidar pouco tempo depois”, lembra a radiologista Fernanda Chagas.

Opções de tratamento para miomas que buscam preservar a fertilidade














Trecho de matéria publicada na revista Sua Saúde, da Rede D'Or.

Miomectomia

A miomectomia consiste na retirada cirúrgica dos miomas uterinos com reconstrução e preservação do útero. Ela pode ser realizada de três maneiras diferentes. A mais tradicional é a miomectomia por laparotomia, feita por meio de uma incisão abdominal, na maioria das vezes similar a uma incisão de uma cesariana. Já a miomectomia por laparoscopia é realizada através de pequenas incisões na parede abdominal, sendo todo o procedimento monitorado por microcâmeras. A miomectomia por vídeo-histeroscopia é realizada de forma semelhante ao exame de vídeo-histeroscopia diagnóstica. No entanto, como se trata de cirurgia, com a realização de cortes no tecido do mioma, o procedimento é realizado sob anestesia e em ambiente hospitalar.

Por ser o tratamento conservador mais antigo, a miomectomia é a principal indicação de grande parte dos especialistas. De acordo com o Dr. Zelaquett, a técnica está extremamente desenvolvida, mas algumas ressalvas devem ser feitas para aquelas pacientes que desejam engravidar: “as miomectomias podem ameaçar a fertilidade, pois aumentam a incidência de aderências intra-abdominais e o risco de hemorragia intraoperatória, com consequente chance de ser preciso recorrer à histerectomia para contenção da hemorragia; além de que as miomectomias por laparotomia e laparoscopia, quando não realizadas com suturas uterinas adequadas, também apresentam risco de ruptura do útero em grávidas, devido à fragilidade que causam à parede uterina”, alerta.

Embolização

Surgida na década de 90, a embolização dos miomas uterinos é um procedimento minimamente invasivo que consiste na interrupção do fluxo sanguíneo que nutre o mioma. Ela é realizada por meio do cateterismo da artéria uterina e injeção de microesferas que se alojam especificamente nas artérias que nutrem os miomas. O cateter é introduzido por um pequeno furo na virilha, sem cortes, e é levado até as artérias que nutrem os miomas, com o auxílio de um equipamento de radiologia intervencionista.

Após a interrupção do fluxo sanguíneo, o mioma inicia um processo de degeneração lento e gradual. Esta degeneração é responsável pela redução dos sintomas causados pelos miomas, principalmente os hemorrágicos, e pela redução de até 70% do seu volume, reduzindo também os sintomas compressivos.

Na embolização dos miomas uterinos, o risco de aderências e de hemorragias é praticamente inexistente. Mas o ginecologista lembra que esse procedimento tem se mostrado uma opção somente quando os riscos apresentados pela miomectomia são bastante elevados: “a embolização sempre confere algum risco, ainda que muito pequeno, de comprometimento do endométrio (camada mais interna do útero) e dos ovários”, diz o Dr, Michel.

ExAblate

O ExAblate, trata os miomas de forma não invasiva. A técnica consiste no acoplamento de duas tecnologias: a ressonância magnética e o ultrassom de alta energia, para necrosar o tecido do mioma pelo calor. A ressonância magnética define o alvo, controla e monitoriza em tempo real o procedimento e o ultrassom emite ondas de alta energia focalizadas no alvo, o que leva à inativação do tecido do mioma (ablação), sem cortes. A grande vantagem deste tratamento está em possuir um índice baixíssimo de complicações.

No caso do tratamento com ExAblate em mulheres que ainda desejam engravidar, o Dr. Zelaquett ressalta que a indicação deve ser cuidadosamente avaliada. Apesar de já existirem inúmeros episódios de gravidez em todo o mundo, o procedimento só deve ser realizado quando os riscos da cirurgia de miomectomia superam seus benefícios. “Apesar de ter eficácia reconhecida, por ser um dispositivo relativamente novo, ainda não temos bases estatísticas para compará-lo aos demais tratamentos. O médico ressalta, contudo, que evidências têm sugerido que, muito em breve, a ablação dos miomas por ultrassom focalizado poderá ser eleita como mais uma alternativa para o tratamento dos miomas em mulheres que desejam engravidar.

Avanços no tratamento para miomas preservam a fertilidade feminina














Trecho de matéria publicada na revista Sua Saúde, da Rede D'Or.

Mal que acomete cerca de um terço da população feminina em idade reprodutiva, os miomas uterinos são os tumores benignos mais comuns entre as mulheres. Podem causar sangramento, dor pélvica e, algumas vezes, incontinência urinária e constipação, determinando diminuição importante em sua qualidade de vida. Porém, por nem sempre estarem associados a sintomas, podem passar despercebidos, muitas vezes só sendo notados quando a mulher tenta engravidar e não consegue.

Nem todos os tipos de miomas prejudicam a capacidade reprodutiva da mulher. Isso só acontece quando os tumores dificultam o encontro do espermatozóide com o óvulo, como no caso daqueles localizados dentro do útero, ou em suas paredes, distorcendo a cavidade uterina ou obstruindo as trompas. “Sem dúvida, uma das questões mais importantes para as mulheres que se veem diante do diagnóstico de fibroma é se sua fertilidade será afetada. Hoje já se sabe que inúmeras delas engravidam sem dificuldade e apresentam gestação e parto absolutamente normais, mas os tumores podem, sim, complicar a vida de quem quer ter filhos”, afirma o ginecologista do Centro de Miomas da Rede D’Or, Michel Zelaquett.

Segundo o ginecologista, raramente os miomas causam problemas graves durante a gravidez, no entanto as futuras mamães devem ser acompanhadas com cuidado, pois ainda assim existem riscos: “algumas pacientes apresentam sangramento de primeiro trimestre e a possibilidade de parto prematuro, de descolamento prematuro de placenta e de abortamento aumenta. Além disso, a chance de contrações uterinas ineficazes, no momento do parto, dobra e o risco de cesariana é seis vezes maior”. Dr. Michel acrescenta que, nesse período, os miomas podem sofrer uma espécie de autoembolização, ou seja, o tumor crescer mais do que sua capacidade de receber sangue. “Com isso, ele começa entrar em infarto, ou, mais especificamente, o tecido morre e, por isso, os episódios de dor são mais frequentes em grávidas com miomas”, ressalta.

Quando os miomas causam algum tipo de incômodo, a decisão de tratar o problema não é difícil. Já em pacientes assintomáticas, escolher o método terapêutico pode ser algo bastante complexo e delicado. “O desejo de gravidez deve sempre ser respeitado. Por este motivo, é preciso avaliar a relação risco-benefício de se realizar ou não cada um deles”, lembra o especialista.