Que o cigarro é extremamente prejudicial à saúde, todo mundo sabe. E, para as mulheres, o mau hábito causa danos ainda mais devastadores. Cerca de 18% das brasileiras são fumantes; além de ter suas chances de desenvolver câncer aumentadas, elas estão muito mais propensas a ter problemas graves no sistema circulatório venoso e também arterial (em menor proporção), doenças cardíacas, respiratórias, entre outras. O cigarro possui mais de 40 substâncias cancerígenas em sua composição. Praticamente todas as doenças possuem piores prognósticos quando os pacientes fumam!
No caso de problemas circulatórios, a razão está na constituição mais delicada desse sistema no organismo feminino, que, quando combinada aos efeitos nocivos do cigarro, pode resultar em varizes e casos sérios de trombose (formação de coágulos sanguíneos), com sequelas irreversíveis e riscos de complicações fatais. A produção dos hormônios femininos faz com que a parede das veias das mulheres seja naturalmente mais fraca, aumentando a propensão à coagulação sanguínea e os riscos de formação de trombos, com suas consequencias clínicas: tromboflebite, trombose e embolia.
Mesmo aquelas que não têm qualquer predisposição a apresentar problemas venosos, o cigarro é capaz de promover um estado de coagulação excessiva, que pode levar à formação de uma trombose no interior da veia. Essa trombose venosa profunda, como é conhecida, expõe a fumante ao risco de complicações seríssimas, como a embolia pulmonar - que acontece quando um coágulo que estava fixo em uma veia do corpo se desprende e vai pela circulação até o pulmão, obstruindo a passagem do sangue por uma artéria. Como resultado, pode ocorrer dano pulmonar, ou até mesmo a morte imediata.
O risco pode ser ainda maior no caso das fumantes que usam anticoncepcionais orais. Associado aos hormônios da pílula, o tabagismo forma uma “bomba” de trombose prestes a explodir, além de aumentar muito os riscos de acontecimento de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Mas o risco se estende também àqueles que não fumam. A fumaça do cigarro contém mais de 4.000 substâncias químicas e, pelo menos, 40 substâncias conhecidamente cancerígenas. Já há estudos que mostram que o risco de morte por doença cardíaca em pessoas expostas à fumaça de cigarro é de 30% maior que na população geral. Filhos de fumantes, por exemplo, têm maior propensão a doenças respiratórias e a infecções. Mulheres não-fumantes expostas à fumaça de cigarro também têm mais chances de dar à luz a bebês de baixo peso.
A única solução é mesmo deixar o cigarro de lado. Já existem terapias com retirada gradual da nicotina, medimentos antidepressivos, medicações que diminuem o efeito da nicotina e grupos de apoio para ajudar a superar essa dependência. O maior passo a ser dado é o reconhecimento da dependência e a vontade de superá-la. Se este for dado, o próximo é procurar ajuda especializada para assim facilitar a superação desse transtorno.
Por Dr. Humberto Tindó
Chefe da Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Quinta D'Or
Clique no ícone e ouça o Dr. Humberto Tindó falando sobre os problemas que o fumo pode trazer para as mulheres
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