Com a chegada do verão e do período de chuvas, a
população volta sua atenção para os cuidados no combate aos possíveis focos do
já conhecido e temido mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue,
doença que todos os anos faz milhares de vítimas em todo o território nacional.
O que poucos sabem ainda é que este ano este combate precisará ser reforçado,
com a chegada, no Brasil, do vírus da Febre Chikungunya, doença de origem
africana transmitida pelo mesmo mosquito.
Isolado pela primeira vez na Tanzânia, no início
dos anos 1950, o vírus da chikungunya já esteve no Brasil em 2010, trazido por
viajantes, e voltou a aparecer no território brasileiro em junho do ano
passado. Até dezembro, o Ministério da Saúde já havia confirmado 2.196 casos da
febre chikungunya no Brasil e espera que, durante o verão, esse número suba
ainda mais, já que seu transmissor, o Aedes aegypti, tende a se
proliferar nesta época.
Com sintomas semelhantes aos da dengue, como febre
alta, mal-estar, dor de cabeça e cansaço, a febre chikungunya se difere por uma
característica incômoda: a doença causa muitas dores nas articulações dos
pacientes, muitas vezes com inchaço e vermelhidão local, que pode perdurar por
meses.
“O vetor das duas doenças é o mesmo, o período de
incubação é bastante parecido, ambas causam febre no paciente e algumas
alterações laboratoriais inespecíficas, como contagem baixa de plaquetas e de
glóbulos brancos. O grande diferencial entre uma e outra é que a chikungunya
causa um quadro articular bastante forte, muita dor nas articulações,
principalmente as articulações das extremidades”, explica o dr. Marcelo
Gonçalves, infectologista do Hospital Caxias D’Or.
Apesar de longevidade das dores, a chikungunya não
chega a ser tão perigosa quanto a dengue, que em casos mais extremos pode levar
a óbito, mas, devido à semelhança dos sintomas, a indicação é sempre procurar
auxílio médico. “As manifestações iniciais são muito inespecíficas, muitas
doenças apresentam quadros semelhantes. O médico deve pedir exames específicos,
como o isolamento viral, e pode ser feito também o diagnóstico sorológico, com
a dosagem de anticorpos”, afirma Gonçalves.
Uma vez diagnosticada a chikungunya, a indicação de
tratamento é semelhante à da dengue: repouso, hidratação e analgésicos.
“Infelizmente, ainda não existe vacina e nem mesmo um medicamento que acelere a
cura, nem da dengue e nem da chikungunya. O tratamento é sintomático, com
analgésicos”, explica o infectologista.
Por usarem o mesmo vetor, a melhor forma de evitar
a transmissão do vírus da febre chikungunya também é semelhante à da dengue: é
fundamental que a população reforce as ações com foco na eliminação dos
criadouros dos mosquitos. As medidas são as mesmas, ou seja, verificar se a
caixa d’água está bem fechada; não acumular vasilhames no quintal; verificar se
as calhas não estão entupidas; e colocar areia nos pratos dos vasos de planta,
entre outras iniciativas.
“Vivemos em um país tropical, o que, infelizmente,
facilita o desenvolvimento do vetor de ambas as doenças. A melhor maneira de
combater as duas ainda é combater o Aedes aegypti”, conclui dr. Marcelo.
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