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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Estudo comprova que mulheres podem engravidar após câncer de mama

Matéria exibida no programa Fantástisco, da TV Globo, do último domingo, dá nova esperança a mulheres. Estudo afirma que é possível engravidar após o câncer de mama.

Estudo comprova que mulheres podem engravidar após câncer de mama
A pesquisa mostra mais: a gravidez seguida de amamentação pode ter um efeito protetor.

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Para muitas mulheres, receber um diagnóstico de câncer de mama era ainda mais doloroso porque, com ele, vinha o fim do sonho de ser mãe. Mas isso mudou. Um estudo recém-publicado mostra que o mito de que as mulheres não podem mais engravidar depois de ter câncer de mama é realmente só isso: um mito!

“Uma vez que nós tivermos um tratamento com sucesso do câncer de mama, não há contraindicação de se engravidar”, explica a médica a Adriana.

“Nossa, muito boa notícia isso”, comemora a securitária Adriana Mendes.

Ela precisava mesmo de boas notícias. Com 32 anos de idade, recebeu diagnóstico de câncer de mama, justamente quando se preparava para realizar o sonho de ser mãe.

“Ela falou que eu poderia ter problema para engravidar. Aí eu fiquei muito mal. Foi um baque muito maior do que saber que eu estava com câncer”, conta Adriana.

“Ela disse: está com câncer de mama e vais ter que fazer mastectomia radical, quimioterapia e não se sabe se tu vais conseguir ter filhos’”, lembra a promotora de Justiça Débora Cardoso.

Muitos médicos ainda não recomendam a gravidez depois do tratamento. O que se imaginava é que não engravidar seria um modo de evitar o reaparecimento do tumor.

Era um raciocínio lógico. As células de câncer de mama se reproduzem e se alimentam usando os hormônios. E a gravidez é uma explosão de hormônios no organismo da mulher. Portanto, a gravidez faria ressurgir o tumor. E o conselho dos médicos era: não engravide. Só que os casos de mulheres que engravidaram por acaso acabaram provando que a realidade é diferente.

Foi o médico egípcio Hatem Azim que trabalha no Hospital Jules Bordet, na Bélgica, quem juntou vários estudos feitos ao redor do mundo para afirmar que mulheres que engravidam depois do tratamento de câncer de mama não têm risco maior de ter uma recaída do que as outras. “Eu sou a prova vida da pesquisa”, afirma a promotora de Justiça Débora Cardoso.

A pesquisa também mostra mais: que a gravidez seguida de amamentação pode ter um efeito protetor, diminuindo as chances de o tumor voltar. As conclusões são da observação de casos.

Mas o médico explica que a ciência ainda não entende bem por que isso acontece. Pode ser a própria explosão hormonal, que teria efeito inverso do que se pensava. Ou talvez os anticorpos produzidos pela mulher contra células estranhas do feto, que matariam também as células de câncer. Mas tudo isso precisa ainda ser confirmado.

A doutora Solange Sanchez, que há anos encoraja as pacientes que querem engravidar, comemorou o novo estudo: “Tirar o mito de que a gravidez vai fazer com que essa paciente evolua mal da doença, tenha uma recaída, que a gravidez possa ser culpada pelo retorno da doença, isso pra mim é um mérito muito importante desse trabalho”.

Mas ela tem uma ressalva: mesmo se for protetora, a gravidez não é tratamento. “Substituir um tratamento por uma gravidez nesse momento não tem um embasamento científico realmente. A meu ver, não deve ser recomendado”, diz a médica.

A relação entre gravidez e câncer de mama é uma preocupação recente da medicina. É que até 20 anos atrás, um caso de câncer de mama em uma mulher jovem era extremamente raro. Além disso, as mulheres tinham filhos mais cedo, por volta dos 20 anos. Hoje, as mulheres escolhem esperar para ter filhos, depois dos 30, e doença está aparecendo cada vez mais cedo. Hoje, entre 10% e 15% de todos os casos de câncer de mama no Brasil são na faixa dos 30 anos de idade.

Cristiane tinha 38 anos quando soube de uma vez: estava grávida e com câncer de mama. “Ele falou: ‘Cristiane, a gente vai ter que fazer algumas opções’. Eu falei: ‘Doutor, eu posso ter a neném?’. Ele falou: ‘Pode’. Então, o senhor faz o que for possível”, lembra ela.

Mariana chegou prematura, mas cheia de saúde. “Amamentei só com uma mama, amamentei até o quinto mês”, conta Cristiane.

Adriana, por medo de não poder engravidar, congelou óvulos antes de começar a quimioterapia. “Cheguei a discutir barriga de aluguel com a minha irmã, minha tia, minha prima, minha outra irmã, muita gente que apareceu e falou: ‘Olha, se precisar de uma barriga de aluguel, estou aqui, pode me usar’”, admite.

Hoje, ela já acha que não vai precisar dessa ajuda toda. E Debora, enquanto toma remédios para prevenir uma eventual volta do tumor, vê o filho crescer, feliz.

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