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quinta-feira, 16 de abril de 2009

Células-tronco para produção de óvulos sadios

Esta semana, o jornal O Globo publicou matéria do periódico inglês Independent sobre estudo chinês que indica um novo caminho no tratamento da infertilidade feminina. Em resumo, os pesquisadores transplantaram células-tronco ovarianas de fêmeas sadias de camundongo para os ovários de fêmeas inférteis e conseguiram fazer com que estas voltassem a produzir óvulos. Ou seja, talvez, num futuro não tão distante, seja possível haver uma nova terapia que aumente o vida fértil feminina consideravelmente.

Desde os anos 60, com a introdução da pílula anticoncepcional, a mulher começou a programar a constituição da sua prole, de maneira mais objetiva. A partir de então, o chamado sexo “frágil” abriu espaço na sua vida para outras atividades, incluindo o trabalho fora de casa. Hoje, são cada vez mais comuns os casos de mulheres que adiaram a maternidade para depois dos 40 anos. Mas nessa idade a fertilidade enfrenta uma queda muito brusca, devido à diminuição da quantidade e da qualidade dos óvulos.

Além disso, existem também casos de mulheres que, traídas pelo seu relógio biológico, experimentam a menopausa precoce, antes mesmo dos 40 anos, e passam a não produzir mais óvulos. E, para essas, o sonho de viver uma gravidez fica ainda mais distante. O cultivo das células tronco de origem ovariana é ainda um trabalho experimental, mas que sinaliza para uma possibilidade real no futuro. Para as mulheres que desejam vivenciar a gravidez na maturidade, essa será uma grande oportunidade. Vejam mais informações na matéria, abaixo.





Por Dra. Maria Cecília Erthal
Ginecologista e Obstetra, Diretora-médica do Centro de Fertilidade da Rede D'Or

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Câncer de mama X terapia de reposição hormonal na menopausa

Esta semana recebemos uma dúvida aqui no Espaço Saúde da Mulher, que acredito ser interessante para dividir com vocês, já que é um tema bem específico, mas de enorme importância para mulheres que passam pela mesma situação dessa internauta.
“Desejo saber quais são as alternativas para tratar os sintomas da menopausa em mulheres que tiveram câncer de mama e se submeteram a quimioterapia e radioterapia, uma vez que a reposição hormonal parece inadequada.”

Está comprovado que o uso de hormônios femininos aumenta claramente o risco das mulheres desenvolverem câncer de mama. Conseqüentemente, o uso de estrogênios em mulheres que estão tratando, ou trataram um câncer de mama deve ser evitado.

Mas é preciso se levar em consideração que, só nos Estados Unidos, o número estimado de mulheres que sobrevivem ao câncer de mama pode chegar a 2,5 milhões. Como o câncer da mama tem sido detectado cada vez mais cedo e a quimioterapia adjuvante pode causar insuficiência do ovário, o número de mulheres na menopausa em idade mais precoce tem aumentado.

Assim, a questão que se apresenta nesse caso é a seguinte: uma vez que o risco de sofrer uma recorrência do câncer de mama será reduzido para uma grande percentagem destas mulheres, pode-se considerar a Terapia de Reposição Hormonal (TRH)?

Pelo menos um estudo prospectivo de TRH após um câncer de mama localizado indica que a TRH parece não aumentar os eventos de câncer. No entanto, o mais razoável para as mulheres que foram tratadas para o câncer da mama e que têm sintomas climatéricos é tratar os sintomas com terapias alternativas.

Dieta e exercício são eficazes para a prevenção de Doença Cárdio Vascular e controle de peso. A adição de bifosfonatos ou SERMs (por exemplo, o tamoxifeno e o raloxifeno) pode reduzir o risco de osteoporose. Algumas doses de progestágenos podem aliviar os fogachos, embora muitos oncologistas acreditem que o uso de esteróides sexuais seja contraindicado.

No entanto, o que se sabe ao certo é que, nas pacientes que superaram o câncer de mama que escolheram o uso da TRH, deve ser usada a menor dose eficaz, e essas mulheres devem ser cuidadosamente monitoradas.


Obrigada às internautas que nos enviam dúvidas. É partir delas que podemos criar posts que interessem a vocês. Por isso, continuem mandando! Faremos todo o possível para responder em, no máximo, uma semana.

Por Dr. Humberto Tindó
Chefe do Serviço de Ginicologia e Obstetrícia do Hospital Quinta D'Or

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Gravidez de alto risco

Toda gravidez é um período especial e requer atenção. O acompanhamento médico deve ser constante para a garantia de que tudo corra da melhor forma para mamãe e bebê. Se essa for de alto risco, então, a gestante precisa seguir cuidados ainda mais especiais, para não prejudicar seu filhote e evitar um nascimento prematuro.

Alguns fatores podem contribuir para transformar uma gestação saudável em uma condição delicada, pondo em risco o bem-estar dos dois. Gestações de alto risco ocorrem apenas de 6 a 8% das vezes. Mas essas complicações resultam em 70 a 80% dos casos de mortalidade e doenças subsequentes. Para evitar qualquer tipo de problema, é importante estar atenta às principais causas e tentar contorná-las, com o apoio do seu médico.


O bom condicionamento físico é premissa para uma gravidez tranquila, por isso a atenção ao peso é fundamental. Mulheres muito magras, ou obesas tendem a gerar fetos fora do tamanho ideal, pequenos, ou grandes demais. Quando a mulher ganha muito peso, pode também desenvolver hipertensão, ou diabetes durante os nove meses. Além disso, gestantes com altura menor do que 1,60m têm mais chances de entrar em trabalho de parto prematuramente, assim como de dar à luz a fetos menores, por isso o cuidado com elas deve ser redobrado.


Mas também não se pode esquecer o lado emocional. A má aceitação de uma gestação não planejada, assim como uma situação conjugal insegura, por exemplo, são obstáculos que podem gerar problemas futuros. Como este é um período no qual a mulher deve se sentir segura, manter uma relação familiar harmoniosa e confiante é importantíssimo.


Outro fator importante é a idade da gestante. Meninas muito jovens, com 17 anos ou menos, têm mais probabilidade de apresentar hipertensão arterial e retenção de líquidos durante a gravidez, assim como de desenvolver crises convulsivas e dar à luz a bebês com baixo peso ou subnutridos. Já as mulheres com 35 anos ou mais, são mais propensas a apresentar diabetes, miomas e complicações durante o trabalho de parto. Além disso, o risco de gerar um filho com anomalias genéticas aumenta nessa faixa etária e principalmente após os 40 anos.


Da mesma forma, a história ginecológica e obstétrica anterior pode elevar os riscos para mãe e bebê. Eventos em gestações passadas, como hemorragias e pressão alta, aborto espontâneo, trabalho de parto prematuro, anomalias uterinas e doenças como mioma, aumentam a probabilidade de novas ocorrências. Gestações que se complicam, ou que por si só já apresentam mais risco, como a gravidez de gêmeos, devem demandam acompanhamento especial. Além disso, o pré-natal detalhado e constante é fundamental, especialmente para mulheres com algumas condições de saúde específicas. Doenças do coração, dos pulmões, da tireóide, do sangue, tumores e infecções, assim como doenças sexualmente transmissíveis, disfunções psiquiátricas e epilepsia podem ameaçar a saúde do feto.


Por todas essas razões, ter um bom médico ao lado da futura mamãe é indispensável. As consultas devem ocorrer constantemente, antes, durante e após a gestação. É seu papel instruí-la sobre como se alimentar, maneiras de se manter confortável durante todo o período, que polivitamínicos ingerir, além de quais exames realizar. E, no caso de gravidez de alto risco, indicar um acompanhamento mais rigoroso, garantindo saúde para mãe e filho.

Por Dr. Humberto Tindó
Coordenador do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Quinta D'Or

Clique no ícone e ouça o Dr. Humberto Tindó falando sobre gravidez de alto risco



quarta-feira, 1 de abril de 2009

Terapias complementares podem ajudar no tratamento para engravidar

Por mais alegre que seja o momento em que um casal resolve ter filhos, essa decisão, em geral, vem acompanhada de muita expectativa. Se os pais são jovens e sadios, o que se espera é que a concepção aconteça rapidamente. Porém, há casos em que o tão sonhado bebê demora a chegar, provocando muita frustração e ansiedade, sentimentos que podem diminuir as chances de sucesso dos dois. O estresse gerado por não realizar o sonho de ter um filho dentro do prazo esperado pode ameaçar a fertilidade de ambos os sexos.

Na mulher, ele pode atuar alterando a liberação de hormônios que influenciam no ciclo ovulatório e, no homem, baixando a libido e afetando a produção de espermatozóides. E mais: as substâncias secretadas no organismo feminino também podem interferir no movimento das trompas, que se tornam menos eficazes no processo de fecundação.

Uma certa dose de nervosismo durante o processo é normal, mas o casal só precisa se preocupar em casos específicos, como falamos em posts anteriores específicos sobre as dificuldades da mulher em engravidar: apenas mulheres acima dos 30 anos com mais de um ano de vida sexual ativa sem anticoncepção e as que estão acima dos 40, depois de seis meses, é que devem buscar técnicas de fertilização assistida.

Se os futuros papais não conseguem lidar com as emoções que essa fase desperta como gostariam, é recomendável procurar algum tipo de ajuda. Psicoterapia, acupuntura e medicina indiana são alguns deles. Qualquer terapia adjuvante que traga à mulher uma maior estabilidade emocional e tranqüilidade durante o processo, pode ser benéfica. A escolha deve ser da paciente, mas sempre acompanhada por um médico.

Uma das opções para lidar com os sentimentos que afligem o casal neste período é a Psicoterapia; apesar das pesquisas correlacionando fatores emocionais e infertilidade ainda não serem conclusivas, o simples fato de poder falar sobre a sua ansiedade ajuda o casal a lidar com ela. Esta técnica é indicada especialmente para aqueles que farão procedimentos de fertilização assistida, já que outras questões não resolvidas costumam aparecer nesse momento, como a dificuldade em assimilar a recepção de óvulos, sêmen ou embriões e contar ou não aos outros e à criança sobre como foi concebida.

Outra terapia que pode ser muito eficaz é a Acupuntura, que pode aumentar significativamente a possibilidade de sucesso. Uma pesquisa publicada no British Medical Journal em fevereiro do ano passado indica que mulheres que se submetem à fertilização in vitro e utilizam terapia de acupuntura no dia da transferência do óvulo, podem aumentar em até 65% suas chances de engravidar. A indicação é de que o procedimento seja feito no próprio centro cirúrgico para relaxar o útero, aumentar a vascularização e facilitar que o embrião se fixe no endométrio. Além disso, a acupuntura relaxa e acalma, fazendo com que a mulher lide melhor com seus sentimentos.

Mas não para por aí: há ainda opções naturais, como a milenar medicina indiana (Ayurveda) - por meio do uso da massagem ayurvédica, fitoterapia, aromaterapia e alimentação - o Yoga e a meditação podem equilibrar o corpo e auxiliar o bom funcionamento do sistema reprodutivo.

A alimentação saudável e a prática de atividades físicas é fundamental para atravessar toda e qualquer fase da vida, neste momento específico e delicado do casal essas práticas são ainda mais importantes. Na alimentação, por exemplo, de acordo com a medicina indiana, existem alimentos que energizam mais o tecido reprodutivo. De um modo geral, uma nutrição adequada, com alimentos mais quentes e de sabores picantes, pode ajudar a aumentar a fertilidade.


Por Dra. Maria Cecília Erthal
Ginecologista e Obstetra. Diretora-médica do Centro de Fertilidade da Rede D'Or